A prosseguir os nossos esforços para criar “a mensagem” da tua apresentação ou comunicação vou recorrer hoje a uma estratégia chinesa, onde aqui “os céus” significam o “Imperador” sendo que na história chinesa o governante de um império sempre foi chamado de “filho dos céus”.
Assim vai a história:
“Enganando os céus para atravessar o mar
Li Shimin era o 2º imperador da dinastia Tang e era conhecido como um grande comandante militar. Uma vez liderou mais de 300.000 homens para conquistar umas terras do outro lado do mar. Mas, ao chegar ao pé do oceano o imperador sentiu os “pés frios” ao ver as gigantescas ondas que batiam contra a encosta.
No entanto, as suas tropas não queriam que Li abandona-se a expedição militar e Xue Rengui um dos mais famosos generais naquele tempo decidiu usar um esquema para enganar o imperador e levá-lo a atravessar o oceano sem que esse dê-se conta.
Então, Xue e outros oficiais foram ter com o imperador a dizer que um dos homens mais ricos da terra iria oferecer uma grande quantidade de provisões para as tropas imperiais. O homem rico convidou o imperador para uma cerimônia perto da praia para aceitar esse presente no dia a seguir.
O imperador estava muito contente e decidiu ir ver o homem rico. Quando Liu e as suas tropas vieram para beira-mar no dia seguinte, viram milhares de casas cobertas com luzes brilhantes e cortinas coloridas.
O homem rico acompanhou o imperador para dentro de uma casa enorme com tapete vermelho na entrada e iniciou a entretê-lo com um grande banquete.
O imperador apreciou as comidas deliciosas e o vinho bom até que de repente a casa começou a baloiçar-se e copos, pratos escorregaram da mesa caindo no chão. Ao levantar as cortinas e espreitando fora o imperador viu que estavam em mar alto num barco enorme, com milhares de barcos mais pequenos a lhes acompanhar.
Nesse momento Xue e os outros oficiais revelaram a verdade ao imperador. Para ajudar o imperador nas suas reticências em atravessar o oceano, transformaram os barcos em casas e já estavam perto de cobrir a travessia e era tarde demais para voltar atrás.
Mas, como é que o imperador um grande comandante militar se deixou enganar por este truque? A razão é muito simples. O imperador pode não estar familiarizado com o oceano, mas conhecia muito bem as casas comuns. Ele podia ter medo em entrar no oceano, mas entrou numa casa sem suspeitas.
Portanto, a melhor forma de enganar alguém dos teus objetivos verdadeiros é escondê-lo debaixo de algo comum que não levanta suspeitas.”
Muitas vezes temos que comunicar algo muito abstrato ou sofisticado ou pretendemos influenciar uma mudança (que nem sempre é bem-vinda) e uma das formas melhores de o fazer é “vestir” a mensagem com algo que a plateia conhece e considera comum. Aqui a intenção não é implementar esquemas para enganar a plateia, mas sim construir a tua mensagem de forma concreta e em cima de algo que a plateia já se sinta confortável em ouvir e conheça.
Às vezes esta abordagem ajuda muito também quando estamos “possuídos” pelo “feitiço do conhecimento”, algo de que já falamos nesta newsletter onde podes ser muito “expert” num determinado tema que torna difícil explicar a não especialistas como tu.
Neste ponto queria reforçar que as histórias são grandes instrumentos para construir mensagens, memoráveis e de impacto sobretudo por serem concretas e visuais o que ajuda a tua plateia a engajar-se com a tua mensagem.
Repito, assim como vimos noutros artigos desta newsletter, concreto não significa diminuir ou diluir a tua mensagem, concreto é uma linguagem universal que ajuda a penetrar em qualquer plateia independentemente do seu background ou competências dando uma maior abrangência e profundidade à tua mensagem.
Interessado (a) numa história sobre a astúcia e a experiência? No crioulo da Guiné-Bissau aqui vai:
“
Mon sekoo! I ka sekooo!
Ome garande kasa mindjer, mindjer garande tambe.
Ome bin sai ianda, i na busca badjuda nobu pe i bin kasa.
I ba oca badjuda kumâ i misti pa ê kasa, i misti pa i ba ta labal ropa e kusña bianda. Badjuda tanbe i seta.
Ê bai kasamente.
Kontra noiba nobu ciga, i toma konta di kasa. Purmeru dia ke i ba fugon i kusña bianda, i tira e pui kabás pa ê kumê: minjer garande, noiba ku ome.
Ora ke ê kumê tudu i kaba, home pui agu na kabás e fala pa ê laba mon. I falelis:
– Ken ku si mon seku promeru, el ku na fika na kasa.
Noiba laba mon, i kaba, i distindil riba kábas, i na pera pa i seku.
Mindjer garande laba mon i fika i na toka na dedu na un utru, i na kanta-kanta:
Monsekooo! I ka sekoooo! N na bai!
Monsekooo! I ka sekoooo! N na bai!
Ma manera ku minjer na balansa mon, i seku kinte-kinte. Suma ku si mon seku purmeru, minjer garande el ku fika na kasa. Noiba ku di sel mojadu, i djunta mburujo e bai.
”
Junbai,
Nuno