Nas montanhas mesmo em cima da antiga cidade de Kyoto no Japão fica o templo de Kiyomizudera. Fundado no ano 772 esse grande templo totalmente feito em madeira sem um único prego.
Ao aproximares à entrada principal atravessas uma rua de pequenas lojas a venderem leques, kimonos e outros souvenires. Perto do portão há uma fonte que os visitantes usam para lavar as mãos com a água a sair da boca de um dragão de metal.
As escadarias de pedra a subirem nos conduzem a uma impressionante portaria, sua madeira com uma cor laranja brilhante, os lábios do teto levantados ao ar para mostrar as partes debaixo como um cogumelo a mostrar as suas guelras.
Seria muito fácil passarmos pelo portão do templo sem notarmos os dois guardiões que observam o nosso aproximar. Se olhares para ambos os lados da entrada irás reparar numa parede verde na forma de grelha como uma cabine de sentinela que ladeia a entrada.
Se espreitares através da grelha verde em ambos os lados encontrarás o olhar de um demónio.
Estas duas estátuas são chamadas “Nio” e são os guardiões tradicionais de Buddha. Na parte esquerda está “Misshaku Kongou Rikishi”, montando a sílaba ‘ah’ que significa nascimento- ‘alpha’ – enquanto do lado direito fica “Naraen Kengoou” fazendo o som ‘uh’ que significa morte ‘omega’.
O portão está aberto mas tens que passar entre os guardiões. O estudioso de mitos Joseph Campbell descreve os guardiões como o limite da aventura – espíritos típicos que se levantam no momento em que o herói se atreve a sair da sua zona de conforto aceitando os desafios da corrida.
Quando te decides em fazer algo extraordinário na tua vida a caminhada do futuro pode parecer plana e suave, mas depois da excitação inicial subentra um clima mais sóbrio onde começas a pensar em todos os obstáculos que irão aparecer no teu caminho.
E aí ocorre-te o pensamento que para realizares quaisquer das tuas ambições tens que enfrentar dois guardiões tão potentes como “Nio” os gémeos da rejeição e crítica.
Mas aqueles que saem a correr ao encontrarem rejeição e críticas fazem-no porque não sabem de um segredo importante sobre os guardiões: por mais feios possam ser não estão aí para destruir o herói, mas sim para te testarem para verem se estás pronto para a aventura.
A função do guardião é afugentar os imaturos e despreparados, permitindo uma passagem segura ao herói com coragem suficiente para enfrentá-lo nos olhos e mantendo a sua caminhada para frente.
Estás preparada (o) para o mês de junho?
Aquele Abraço de Quase Bom Fim de Semana,
Nuno