Nunca vos aconteceu falar ou estar a ouvir um “expert” numa determinada área que embora todo entusiasmado explica os como e os porquês não perceberem nada?

 

Isso acontece-me muitas vezes com a minha irmã médica quando está com as amigas que são também médicas e começam a falar e discutir sobre medicamentos, doenças e coisas várias da medicina.

 

Nesta newsletter já fiz referência a uma conferência de alguns anos atrás de um economista que montou uma apresentação em que 90% da plateia não estava por dentro do que ele queria dizer por usar termos técnicos demais.

 

A isso, em Inglês, chamam “The Curse of Knowledge” (o feitiço do conhecimento) e acontece sobretudo quando somos bons conhecedores de alguma área ou temas que não somos capazes de entender e explicar a quem ainda está no nível básico a área ou o tema.

 

Mas, porquê é que isso acontece?

 

Algumas vezes presumimos que algumas coisas são o BÊ ÁA BÁ e que se fizermos referência ou contextualizarmos o assunto que estamos tratando desde o nível mais básico vai significar que afinal não somos grandes conhecedores da área e que os “poucos experts” que estarão a ver-nos apresentar vão achar que não somos do seu nível.

 

Quando temos uma plateia de “experts” e “entrantes” temos que saber harmonizar as coisas de modo a satisfazer ambos. Nem venham dizer-me que não é possível pois é.

 

Como fazer isso?

 

Tudo está na contextualização do tema passando por cobrir o “básico” e aos poucos “sofisticando” a explicação.

 

Começando pelo básico vai ajudar os “estreantes” a perceberem o porquê, enquanto ao mesmo tempo dará a oportunidade aos “experts” de reconhecerem esse básico de acordo com os seus conhecimentos.

 

O que separa os “estreantes” dos “experts?

 

Nível básico (porquê?)                 Nível Expert (como funciona?)

 

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  X  Y  Z

 

Quando o nível de conhecimento está entre o A e K (os entrantes) o que mais interessa é entenderem o porquê. Mais á direita (a partir do nível K) a plateia já tem um conhecimento básico e dos porquês e agora estão mais interessados a saber o como funciona.

 

Exemplo, duas médicas poderão estar a falar sobre práticas de higiene no Hospital. Sendo as duas médicas “experts” não precisam trocar ideias sobre os porquês da necessidade de se ter uma boa higiene no Hospital e estarão mais interessadas e focalizadas em “como” garantir essa higiene (através de procedimentos e práticas hospitalares).

 

No nível básico (A B  C D E), a maioria das pessoas podem não ter uma ideia do porquê seja importante a prática hospitalar. Para o nível básico precisamos explicar por exemplo que muitos doentes ao entrarem no Hospital com uma doença acabam por apanhar outras, e, que muitas dessas situações acontecem porque as enfermeiras e médicos não usam luvas ou porque as casas de banho não são limpas com a devida frequência. Isto é, temos que explicar “os porquês” se deverão interessar.

 

Quanto aos “experts” (das letras S T para frente) interessa e muito ouvir sobre “como funciona”.

 

É necessário entender que se os “entrantes” não perceberem o porquê das coisas eles nunca irão entender o “como”, e isso acontece infelizmente muitas vezes (como no exemplo do economista).

 

Em conclusão para combater “o feitiço do conhecimento” aprende a explicar primeiro os porquês e depois entra no como funciona.

 

É preciso contextualizar o porquê comemoramos hoje o dia da mulher?

 

Sim, porque mulher é mãe, esposa, filha …

 

Como funciona? Um beijo, um carinho, um telefonema, uma flor …

 

Aquele abraço,

Nuno