Quem estudou no Liceu Domingos Ramos nos anos 80-90 de certeza que se lembra de um contínuo que tinha apenas um olho e que era a paródia da rapaziada: “Nhu Manitu Bomba“.
Nhu Manitu Bomba fazia as vezes também de guardião do Liceu assim como era o tocador de sino que assinalava o final das aulas. Nhu Manitu tinha um arco de ferro de uma jante de uma roda de automóvel e um tubo de ferro que batia na jante para assinalar o final das aulas (ou o início do recreio).
Logo a seguir ao toque do sino, era uma correria nos corredores do Liceu todos com uma cara alegre e de alívio por ter terminado o tempo.
Se acontecia que alguma turma ficasse para além da hora por causa do atraso de determinados professores em terminar a matéria nos 50 minutos convencionados para a aula, era patente o ar de desinteressados nos alunos que com olhares furtivos na direcção da porta esperavam a sua oportunidade de “escapar”.
A vontade de escapar para o recreio não é uma era uma prerrogativa do nosso Liceu, é algo que acontecia em todas as escolas e por incrível que pareça ainda acontece (mesmo nas Universidades, e no estrangeiro também) e muitas vezes nas apresentações.
Isso porque, o ser humano tem uma capacidade limitada em prestar atenção e os professores estão mais formatados em “dar a matéria” do que despertar interesse e a atenção dos alunos.
Nós seres humanos temos uma capacidade limitada em prestar atenção. A experiência de apresentadores profissionais e artistas do tipo “one man show”, dizem que de somente 10 minutos. Se repararem os comediantes podem contar histórias durante 1 hora, mas existe sempre um “break” a cada 10 minutos.
Assim, para manter a atenção da plateia o apresentador deve tentar formatar a sua apresentação em blocos de 10 minutos, com um “break” emocionalmente relevante ( fazer algo que provoque emoções na plateia).
Os 10 minutos porque as atenções da plateia têm tendência a diminuir nesse intervalo pois recordem-se ela está passiva sentada a ver a apresentação. Para recuperar a atenção após os 10 minutos o apresentador deve tentar estimular as emoções da plateia de algum modo: contando um facto que cria drama, que meta medo, um episódio divertido (sem exageros no divertimento para não perderem o respeito pela apresentação), fazendo um gesto ou deslocando de um lado para outro na sala, etc …
Verão que o nível de atenção da plateia vai melhorar, mas não exagerem também no número dos blocos. Qualquer apresentação que ultrapasse os 35-40 minutos é candidato a “cansar” a plateia.
Às vezes os apresentadores pensam que na apresentação devem tentar dizer tudo. Se te passar este pensamento pela cabeça recorda-te do provérbio: “quem tudo quer …”
A tua apresentação não é para dizer tudo, é para estimular a atenção da plateia em relação a um determinado tema (para informar ou persuadir).
Se existem outras informações que aches pertinentes podes preparar um documento a entregar à plateia para ela ir aprofundar, mas não tentes dizer tudo pois depois de 40 minutos a plateia começa a sentir o sino do “Nhu Manitu Bomba” diretamente do Céu, que Deus o tenha.
Aquele abraço,
Nuno