Num filme de 2005 chamado “Babe o porquinho” existe um diálogo interessante quando os animais da quinta espreitavam pela janela da cozinha para verem a quem calhou ser o “jantar” de Natal. Calhou à pobre Roseane uma pata muito querida.

Eis o diálogo:

Ferdinand (pato) – Mas porquê a Roseana, ela tem uma natureza tão nobre. Isso é demais até para um pato. Essas coisas são uma dor na alma.

Vaca – É assim a vida temos de aceitar as coisas assim como elas são.

Ferdinand (pato) – As coisas são uma porcaria.

O pato Ferdinand tem um caracter rebelde que não aceita as coisas e discute que não deveriam ser assim ou assado.

A vaca é do género resignado com a vida e que aceita as coisas sem fazer nada.

Ambos os carateres, do Ferdinand e da vaca funcionam numa ótica de espiral negativa e fazem lembrar muito as pessoas que querem fazer algo na sua vida mas deixam-se levar pela espiral para baixo.

Pelo contrário devemos ver a realidade no presente e a partir daí explorar as possibilidades, sem nos deixar transportar pelo “Ferdinand” que fecha todas as portas e possibilidades ao focar a sua atenção no “não deveria ser assim”.

Nem deveremos ser como a vaca que aceita resignada o que o mundo lhe dá.

ATENÇÂO que ver a realidade no presente não é o mesmo que aceitar a realidade. Ver a realidade no presente é ver os factos no momento atual e a seguir procurar possibilidades.

Nos anos setenta dois estudantes universitários Americanos foram para a Índia enquanto um deles viu esta realidade num tom chocante e derrotista:

” Milhares de pessoas pela ruas enlameadas todos descalços”, o seu amigo responde-lhe com um brilho nos olhos “vê só o negócio dos sapatos”.

O segundo, regressou para os Estados Unidos de América e fabricou uns sapatos de plásticos (comunalmente ditos “chupa cacá” em Cabo Verde) e vendeu milhões à Índia. Aquele estudante chamava-se Tom Mackain e é um milionário.

Tudo depende de como vemos a realidade, mesmo se as coisas não estiverem a correr a maravilhas há sempre possibilidades a serem exploradas, mas é preciso ver primeiro o que o presente nos apresenta como realidade e sem sentimentalismos evitando de agir como o Ferdinand ou a vaca, vermos a partir daí que possibilidades temos.

Aquele abraço,

Nuno